segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Alguns motivos que me levaram a imigrar para os Estados Unidos

Recentemente completei 2 anos morando nos Estados Unidos, e sempre me perguntam: como é viver aqui e do que eu mais gosto e menos gosto nesse pais. Nesse post vou responder uma das coisas que mais me atrai aqui, viver numa verdadeira economia de mercado 
Milton Friedman, Margaret Thatcher e Ronald Regan são meus hérois e me identifico muito com os ideais do liberalismo econômico, ou seja, menos interferência do governo, mais competição no setor privado, um estado menor e sem excessos tributários, ampla abertura comercial, flexibilização das leis trabalhistas e liberdade de empreender. Desses pontos vou destacar três que me chamam a atenção:
1-) Começo pelas leis trabalhistas. A maioria dos contratos de trabalho são por hora, e não existe décimo terceiro salário, adicional de férias, feriados a perder de vista (sem falar nos feriados pontes), FGTS, imposto sindical, além de sindicatos onipresentes e normas em excesso ditando o que patrões e empregados devem ou não fazer. Se a empresa te manda embora, você não tem direito a quase nada a título de idenização, ou seja, é relativamente fácil mandar embora. A primeira vista isso pode parecer péssimo para o trabalhador, mas pergunte por exemplo a um ajudante da construção civil ganhando seus USD 20/h (ou USD 3500/mes), que dirige um bom carro, que mora em uma casa com o mínimo de conforto, se ele trocaria tudo isso por um sistema engessado que gerasse menos empregos, salários achatados e maior dificuldade em contratação. Pergunte também se esse trabalhor estaria disposto a dividir uma boa parte da renda para sustentar o governo, sindicatos e subsídios governamentais. No final o que interessa a esse trabalhador é quanto sobrará no bolso e como poderá ser mais produtivo para acelerar o seu ganho. Isso gera um tremendo impacto na economia e no emprego. Como o empregador não tem medo de contratar um novo funcionário, ou de definir um regime de contrato flexível (x horas por semana), as contratações são rápidas, a economia gira, e a produtividade é maior. Uma secretária ou um contador pode negociar um contrato de 15h semanais caso queira passar mais tempo com a família. Um aposentado pode usar sua experiência e trabalhar somente nos finais de semana, sem intermediação e burocracia governamental.
2-) Abertura comercial e o impacto tanto no preço como na oferta de produtos e serviços: Um exemplo simples disso é quando vou a um supermercado aqui. Fico impressionado com a variedade absurda de produtos do mundo todo a preços baixos. Isso se deve ao volume de compras desses varejistas, a alta competitividade da indústria e a baixa alíquota de importação que o país possue com vários parceiros comerciais, garantindo uma maior competitividade diversidade no setor, e todos ganham, o consumidor que paga menos e o empresário que fatura mais. Se você quiser comprar um queijo espanhol, um automóvel coreano, uma bicicleta chinesa ou açucar brasileiro, você encontra facilmente, e é consumidor, não o governo, que define o que consumir. Comércio foi e sempre será o divisor de águas no desenvolvimento das nações. Recentemente assistimos países como Chile, Peru, México e Colombia dando saltos no PIB devido a uma maior abertura comercial com ampliação das parceiras comerciais com a Europa, EUA e países do pacífico.
3-) Competição, empreendedorismo e a nova economia: Quer um taxi? Chame o Uber que custa 1/3 do preço de um taxi comum, com mais conforto, rapidez e facilidade para agendar, rastrear e pagar pelo serviço usando apenas o telefone. Precisa de um cartão de crédito? Empresas como American Express e Visa, que brigam arduamente por novos clientes, não só não te cobram anuidade, mas te pagam uma bonificação para você virar cliente. Precisa financiar uma casa e é um bom pagador? Você pagará por um juro (risco) menor se tiver um bom histórico de crédito, e não simplesmente baseado no perfil único, padrão da população. Alguns sites chegam a oferecer serviços tipo leilão, com um leque de ofertas de financiamento de bancos baseado no seu histórico de crédito, levando a competição a uma oferta de juros baixos, algo apartir de 2-2,5% ao ano. Tem uma idéia brilhante de um novo serviço ou aplicativo? A disponibilidade de capital de risco para empreendedores é grande, com opções de investidores anjos, VCs, clubes de investimentos ou empresas interessadas em ser seu sócio. Em ultimo caso, você pode por exemplo pedir um financiamento reverso da casa para ter o capital pra abrir um novo negócio, que muitas vezes pode ser aberto em menos de uma semana a um custo baixissimo.
Mas nem só de flores vive pais. Começando com o custo da saúde, onde se paga o preço alto pela inovação (remédios novos são absurdamente caros) e por seguros que médicos e hospitais são obrigados a ter. Ou eles contratam esses seguros caríssimos, ou correm o risco de sofrerem processos milionários por erros médicos. Viver ou passear pelos Estados Unidos sem um seguro saúde pode se tornar um risco alto para o bolso.
Outra coisa que sinto falta: experimente deixar o dinheiro no banco rendendo na renda fixa aqui, e você terá que se contentar com o banco pagando algo como 1% ao ano de juros. Como escrevi no meu ultimo post, juros nominais de 16%-17% (ou juros reais de 7-7,5% ao ano) só mesmo no Brasil. A alternativa aqui para quem quer montar um capital para a aposentadoria é tomar risco, ou seja investir no mercado acionário.
Por fim, destacaria o alto endividamento do americano. O crédito amplo e barato, somado a sede dos bancos em conquistarem novos clientes, pode ser perigoso se não for acompanhando de uma  devida educação financeira e de um maior consciência no consumo. Esses excessos financeiros as vezes geram anomalias e bolhas, como aconteceu na crise de 2008 (sub-prime). Tomemos como exemplo os estudantes universitários onde cartões de crédito são muitas vezes oferecidos no momento da matrícula, sem ao menos terem uma renda estabelecida ou orientação financeira adequada. Some isso ao altíssimo custo da educação superior e os juros  acima do mercado do crédito estudantil (afinal o risco é maior), e você tem um cenário onde muitos jovens já saem da universidade superendividados.
Nesse post foquei mais nos fatores financeiros, mas futuramente quero escrever dos pros e contras de outros aspectos do dia a dia de se viver nesse país.

sábado, 3 de outubro de 2015

Brasil, o paraíso da renda fixa

O Brasil é o campeão mundial de juros reais (acima da inflação), o que gera duas situações extremas: você pode optar pela ponta que empresta dinheiro, ou seja investe em renda fixa (LCI, LCA, CDB, CRI, CRA, debêntures, tesouro direto, FDIC e fundos de renda fixa) ou pelo lado que toma emprestado (crédito imobiliário, cheque especial, cartão de crédito, empréstimo consignado, compras a prazo).


Enquanto nos EUA a renda fixa mais popular gera retornos anuais de 0,25%-1,0% ao ano, em um ambiente de inflação próxima de zero, o Brasil apresenta uma curva de juros convidativa, mesmo em um ambiente de inflação próxima a dois dígitos. Traduzindo em números, nosso retorno acima da inflação gira desde 5-6% para LFTs (tesouro direto selic), LTNs (tesouro direto pre-fixado) e CDBs de bancos maiores, até 7-8% para NTNBs (tesouro direto IPCA) e CDBs de bancos menores. Independemente do significado dessa sopa de letrinhas, a renda fixa brasileira fruto de um governo gastador, é um presente em moeda local para investidores tanto de curto quanto de longo prazo no Brasil.


Mas e as ações brasileiras? Sim, elas estão baratas, com multiplos baixos, mas a perspectiva para a economia brasileira não é nada positiva, e elas podem ficar bem mais baratas (cair) ou estagnar nessa situação por muitos anos, gerando no mínimo um alto custo de oportunidade. Entre a lista de investimentos mais arriscados, eu coloco ações brasileiras em segundo lugar, logo após a aventura de empreender. Riscos altos, normalmente significam retornos altos, mas o Brasil teima em distorcer essa regra. Investir em bolsa (ou em empresa própria) tradicionalmente exige retornos maiores diante do risco, e ai reside o problema. Uma selic de 14,25% (e com vies de alta), significa que o investidor/empreendedor precisa de um retorno mínimo igual ao da selic mais um prêmio pela volatilidade (risco) do negócio. Ou seja, diante de um cenário de incertezas, ninguém deveria aceitar um prêmio menor, por exemplo, que 7-10% aa. Falando em números, não compensaria investir em algo volátil sem esperar retornos de 20-25% ao ano. Mas que negócio ou empresa gera esse retorno líqudo em um cenário de crise nacional? Deixo para você responder essa pergunta.


E quais os riscos da renda fixa? Eu listaria principalmente:
1-) Marcação a mercado. Quem investe por exemplo em títulos pré-fixados ou em IPCA + juro (NTNB) mais longos e decidir vender o título antes do vencimento, em um cenário de alta forte da curva de juros, pode ser surpreendido com retornos negativos. A melhor maneira de mitigar esse risco é diversificar com títulos pré, pós e selic, e com vencimentos diferentes (curtos e longos), sendo os mais longos para um capital que você não precisará tão cedo (por exemplo para a universidade dos filhos ou aposentadoria).
2-) Banco emissor do CDB quebrar. A regra é: quanto menor e mais arriscado for o banco, maior o retorno do CDB esperado por investidores. Mas o banco emissor pode simplesmente quebrar como aconteceu com o Panamericano, Santos e o Cruzeiro do Sul. Felizmente existe um fundo garantidor FGC que serve como uma espécie de seguro para investimentos até R$ 250mil por CPF e por banco. A questão novamente é diversificar, investindo em diferentes instrumentos de renda fixa.
3-) Risco de inflação. Por incrível que pareça os títulos tipo NTNB (IPCA + juro) apresentam também um risco inflacionário as vezes desprezado. Vamos a um exemplo simples e didático: alguém que comprou um título que vencerá em 1 ano (curto prazo), pagando 7% + inflação, vai pagar no vencimento um imposto de 20% (rendimento entre 181 e 360 dias) sobre o lucro. Para uma inflação de 8% aa, isso quer dizer mais ou menos um retorno depois do IR de 12% ou de 4% acima da inflação. Mas e se a inflação subir para 40%? Nesse caso, o retorno depois do imposto sera de 37.6%, porem um investimento gerou um retorno liquido acima da inflação de -2,4%. O mesmo vale para um título pré-fixado por exemplo de 15% aa. Mesmo fugindo do risco da marcação a mercado, corre-se o risco de um retorno real (acima da inflação) negativo.
4-) Governo dar calote. Acho difícílimo mas não quero deixar de citar. Esse não é um risco apenas da renda fixa, mas de todo o sistema financeiro nacional (incluindo ações, imóveis e tudo mais em volta que envolva dinheiro incluindo o seu emprego). Eu chamo esse cenário de fuga para as cavernas. O motivo de ser um risco quase zero é porque a divida interna está em reais, e o governo em último caso pode imprimir mais reais a hora que quiser (gerando inflação) e pagar a dívida.


Apesar dos riscos, que se bem diversificado são quase que totalmente eliminados, a renda fixa brasileira é um grande presente para quem poupa. Infelizmente essa é uma realidade em moeda local (real), caso o retorno esperado seja em dólar, ai o risco cambial pode eliminar parcialmente ou ate por inteiro o ganho da renda fixa brasileira. Para o investidor estrangeiro, o risco cambial fruto da instabilidade política-econômica continua alto, reduzindo em muito a atratividade do juro imoral alto brasileiro.

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Me apresentando

Ola a todos,


Depois de muitos anos acompanhando blogs de finanças pessoais, viagens e investimentos, resolvi criar o meu próprio como uma maneira de compartilhar experiências e aprendizado, além de encarar como um estímulo extra para ler e escrever sobre o fascinante mundo dos investimentos.

Há alguns anos decidi trocar o Brasil pelos EUA transferido pela minha empresa, motivado em abrir meus horizontes e com receio do caminho ideológico que o Brasil estava trilhando. Apesar do tema investimentos dominar esse blog, pretendo escrever sobre tudo: viagens, imigração, economia, empreendedorismo e cultura em geral.

Tive oportunidade de estudar e trabalhar em outros países na America Latina e Europa, e sou fascinado por explorar a diversidade cultural mundo a fora. Sou um defensor do liberalismo, da economia de mercado, da meritocracia, do empreendedorismo e do estado mínimo.

Fazendo jus ao titulo do blog, hoje procuro diversificar o portfolio entre Brasil (tesouro direto e ações) e Estados Unidos (ações, ETFs, títulos privados e commodities energéticas). Acredito que a ciclicidade do momento atual seja mais propício para a renda fixa (TD, LCI, LCA, titulos de empresas e países) do que para ações. A crise na China, o aumento dos juros americano e o caos em que a economia brasileira se encontra contribuem para esse cenário.

Sigo a escola fundamentalista, que me deu os melhores resultados. Sou fã das small caps (lá esta o crescimento), renda fixa e boas empresas pagadoras de dividendos.

Falarei mais um pouco em futuros posts, espero que possamos discutir tudo isso por aqui.